21.1.10

para lídia


carta para além desse ciclo seco
em que nos encontramos agora

Não sei se te prendo, ou se te deixo ir. Se for, vê se encontra o caminho de vorta. E traz quentura pr'esse coração meu. Que anda tão mastigado, que anda precisado dos voos alheios. Pra alimentar os próprios óios. Porque coração tem oio, sabia? Pois entonce, fique sabendo. Tem. E é dos grandes. Daqueles que só enxergam coisas bonitas. E reconhece coração de ouro a Km de distância. Assim como fez cocê. Mesmo ocê tando lá e eu cá. Os óios sorriram, fia. De alegria de podê compartilhar sentimento tão grande assim. E saber que ocê, com tua compreensão larga, sorria daí tamém. Enquanto refaço as asas, com pequenos retalhos sobrados de uma luta antiga, peço que segure minha mão. Não me deixe perdida num mundo onde só crescem ervas daninhas. Me ajude a cultivá os girassóis, há muito, esquecidos nos bolsos de cada um. Me ajude a colhê o mer das manhãs, depois de uma longa noite com sonhos e estrelas. Me ajude a fazê com que essa gente preste atenção na poesia da vida. E vamô mirá o sor que tende a nascer depois de quarquer dia de chuva. Se ocê parte, ocê tem de vortá. Pra módi a gente rir gostoso depois de tanta luta, fia. Eu preciso de mais gente assim, do bem, iguarzinha ocê.

Me benzo. Te Benzes.

E seguimos inteiras. Todasduas.


5 comentários:

lídia martins disse...

Do que vai nela:


Há fumaça no vento. E meu equilíbrio, ela carrega. Só ouço os estalos de trovões chicotearem a torre. Tento tapar os ouvidos, impedindo seus gritos de horrores. De nada adianta. Acampo-me numa pedra, tentando me cobrir com um jornal antigo. Mas a chuva apaga minha fogueira. Retiro dela, o caldeirão de sonhos que juntei, pendurado em um estábulo de metal. Eles borbulham flamejantes, me pedindo para serem salvos. Eu os derramo no chão. Mas antes, os benzo fazendo o sinal da cruz, para que descansem em paz. Vejo seus estalidos coloridos encharcarem o poncho da terra que arde de olhos abertos. Não consegui. Eu não consegui gente. Faço uma perícia das minhas qualidades humanas. E tudo o que vejo é destrutivo e sem sentido. Minha mãe me manda calar a boca. Enquanto minha alma sai do corpo tocando um violoncelo.




Sequei por dentro serena. Estou morta.

A gente se vê na outra na vida.


Um beijo

renata carneiro disse...

coração tem olho grande, sim. coração tem olho d'alma.

um beijo, nas duas!

Juliana Sfair disse...

Cris

num carece tê medo das ervas daninhas moça!
ocê tem uma luz bunita em vorta,tem umas pessoinhas que te mandam uns girassóis bem lindos pelo vento.
arreda esse aperto do coração,que logo chegarão uns dias multicoloridos pra menina Cris.

Te benzo daqui.
Beijo.

Ju
http://julianasfair.zipnet

Nati disse...

a cada dia me surpreendo mais c/ a blogs q encontro, aqui encontrei serenidade e urgências ...
amei de verdade cada texto, cada cor ...
apaixonada estou!!!
beijo e dias ensolarados

ErikaH Azzevedo disse...

E ainda tem gente q diz que coração é cego, prefiro acreditar no Exupery que nos diz que o essencial é invisivel aos olhos. E eu tenho tentado ver a vida assim, com olhos de sentir.
Q bonita sua carta, nela se sonha, vive-se o sonho...um sonho de amizade.

Estou até mais leve.

Bjos

Erikah